Pastoral da Acolhida
A acolhida vai muito além do que dar um bom dia ou um bem vindo. É aceitar a pessoa do jeito que ela é para introduzi-la no convívio da comunidade para ela perceber que é tratada como pessoa humana. Isso não se dá por se considerar o que a pessoa tem, faz ou se mostra com potencial de ajuda à comunidade, embora possa apresentar tudo isso. Acolher é considerar a pessoa como ser humano respeitado e promovido em sua dignidade. Para isso, é preciso dar-lhe vez e permitir-lhe ter um lugar, dentro do possível de sua realidade, para ser e se sentir amada e aceita como pessoa. A pastoral da acolhida é um meio forte da ação missionária, que leva o acolhedor a perceber sua nobre missão de exercer o papel de imitador de Cristo. Ele ajuda a chama ainda fumegante a dar luz e calor, na dinâmica de se sentir aceita e promovida em seu ser com seu potencial e sua história.
Abraão foi um exemplo de verdadeiro acolhedor de hóspedes em sua casa (Cf. Gênesis 18,1-10). Não hesitou em exercer a hospitalidade, querendo fazer um ato de caridade para com seus visitantes desconhecidos.
Recebeu a recompensa divina por essa sua atitude. Ganhou um filho em sua velhice. Tinha acolhido verdadeiros anjos, que ele não sabia serem tais. A acolhida não se limita a dar um prato de comida ou a dar uma informação. Requer até o sacrifício de contrariar os próprios gostos e dar oportunidade na comunidade de atuação até de quem é descortês ou não está quite com todas as normas da mesma. Requer compreensão, espera, fornecer oportunidade de atuação de acordo com a realidade e as possibilidades da pessoa, incentivar os dons pessoais para o serviço oportuno ao grupo... Não se trata de permitir o não permitido, e sim de não criar exigências além do que é o necessário ou convencionado pela comunidade. Leva a tolerar certos desacertos, corrigindo-os com compreensão, educação e caridade.
Para a formação do espírito de acolhida a pessoa precisa imbuir-se da Palavra de Deus para se fazer também servidora da mesma para os outros. Sua palavra se torna de bondade, de ajuda ao outro para ele se sentir incentivado a fazer parte da comunidade e perceber-se valorizado. Dar oportunidade a que o outro se sinta em casa é um meio saudável para a evangelização ter frutos. A superação da marcação da pessoa que errou se dá na oportunidade dada a ela de se converter. Não fosse isso não teríamos tantos líderes da Igreja que se converteram, foram aceitos e se tornaram guardiões da fé e da evangelização. A misericórdia é parte essencial da acolhida. Este se dá com entrecruzamento do perdão, da bondade e da inserção da pessoa na vida da comunidade. A correção vem com a fraternidade e a misericórdia.
Dom José Alberto Moura
Arcebispo de Montes Claros (MG)
SEXTA, 19 JULHO 2013 20:04
CNBB